* Permanência

 

Não peçam aos poetas um caminho. O poeta
 
não sabe nada de geografia
 
celestial. Anda

aos encontrões da realidade
 
sem acertar o tempo com o espaço.


Os relógios e as fronteiras não têm
 
tradução na sua língua. Falta-lhes
 
o amor da convenção em que nas outras
 
as palavras fingem de certezas.


O poeta lê apenas os sinais
 
da terra. Seus passos cobrem
 
apenas distancias de amor e
 
de presença. Sabe
 
apenas inúteis palavras de consolo
 
e mágoa pelo inútil. Conhece
 
apenas do tempo o já perdido; do amor
 
a câmara-escura sem revelações; do espaço
 
o silêncio de um vôo pairando
 
em toda a parte.


Cego entre as veredas obscuras é ninguém e

nada sabe

— morto redivivo.

 


Adolfo Casais Monteiro



11/02/2008
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