* Aço

 

Quebre-se de encontro à dureza das arestas
 
cada desregrada ilusão da minha vida.


Que os bichos vão roendo o vão caruncho
 
da inútil poeira de astros que imagino.


Que — sei-o bem! — lá no mais fundo,
 
forte e imarcescível sob os golpes
 
resiste a minha força verdadeira.


E o poema sempre novo no meu sangue
 
conhece também sua glória de aço
 
que vê sem dor as pobres farsas
 
e os caminhos cruéis em que me perco.


Veio da luz inutilizando os laços
 
armados no caminho à minha espera,
 
mão de ferro erguendo-se dos limbos
 
e mandando-me fitar o sol em face!

 

Adolfo Casais Monteiro 

 



12/02/2008
0 Poster un commentaire

Inscrivez-vous au blog

Soyez prévenu par email des prochaines mises à jour